CANDOMBLÉ : RELIGIÃO OU SEITA ?

“Religião – Termo originado provavelmente do latimreligare: religar, juntar. A religião liga o homem a Deus e une as pessoas em crenças e práticas comuns. 

As religiões, os mais antigos sistemas culturais voltados à proteção e à sobrevivência dos seres humanos, criam códigos de comportamento e estabelecem uma imagem compartilhada da realidade. 

Seita – Comunidade diferenciada em relação a uma religião, com uma cosmovisão original, algumas crenças e práticas próprias. Normalmente, segue uma via inconformista em relação às instituições religiosas estabelecidas e à sociedade.”. (Manual de redação, Folha de São Paulo, Publifolha, 2001, página 171). 

Pela simples leitura desses dois vocábulos, fácil é concluir que o candomblé é uma seita e não uma religião, como a definiu Silvia Campolim em sua reportagem, citada no início da introdução. E aqui não vai nenhuma discriminação, pois, de fato, religião tem toda uma conotação teológica de re-ligação com Deus. Já o povo africano, viveu por milênios, sem contato algum com a teocracia do Catolicismo, a não ser tardiamente, quando foi escravizado e obrigado a adotar a crença cristã. 

Por essa conclusão óbvia, vê-se que o Candomblé puro prescinde de toda a crença cristã, bem como de seus dogmas, sendo um deles a crença na existência do diabo e do inferno. O africano não acreditava nesses mitos e o termo Exu, para o negro yorubá, era ÉSÙ, que significava “esfera”: aquele orixá que circula a Terra, pelos caminhos. 

Foi somente com a escravização do negro africano, que este foi compelido a adotar a religião católica, muitas vezes sendo batizado com ferro em brasa no porto mesmo de sua partida, com o que esperava a Igreja, ficaria “remido” de seus pecados. No Brasil, contudo, devido a uma mistura de crenças africanas e católicas, pode se ver nas roças da Seita imagens cristãs e africanas, em uma demonstração clara de que o Povo de Santo não vê nenhum problema em conjugar suas crenças africanas com às provindas da Igreja Católica, nem pretende desrespeitar o Cristianismo. 

Já o inverso, não parece ser possível. Somente com a mistura do africanismo, do espiritismo e do catolicismo, com o advento da Umbanda, que nada mais é do que uma conjunção de crenças africanas, indígenas brasileiras e católicas, que Exu passou a ser visto como a figura do “diabo”. Para o Candomblé, ÉSÙ (EXU) é um orixá respeitadíssimo, sendo o intermediário entre os homens e os deuses, o emissário de nossas rogativas. 

Não se confunde Candomblé com Umbanda, e, na esteira da excelente reportagem de Silvia Campolim, Revista Superinteressante, janeiro de 1995, vale citar que ambas são de origem afro – brasileiras, mas a Umbanda é uma mistura de crenças do Candomblé, com crenças indígenas (com os caboclos: antigos espíritos de pajés que vêm ajudar as pessoas), ameríndias e espíritas (alguns umbandistas crêem na reencarnação). 

CANDOMBLÉ: O Candomblé recebe várias nomenclaturas, conforme a região do Brasil em que se fixou: Candomblé, na Bahia; Xangô, em Pernambuco, Sergipe e Alagoas; Tambor – de – Minas, no Maranhão e Batuque, no Rio Grande do Sul. O Candomblé fixou-se em Cuba com o nome de Santeria e no Haiti, com o nome de Vodu, talvez com uma primazia maior aos cultos quimbundos; 

Os deuses são orixás de origem africana e a criação do mundo e de todas as coisas deveu-se à união de vários deuses, que auxiliaram o Deus Supremo, Olorum, Olodumaré, Pai de Oxalá, nessa tarefa. 

Nenhum santo é superior ou inferior a outro, mas Deus é o Criador de tudo e de todos, chamado na Seita como OLODUMARÉ ou ZAMBI;Não existe o Bem, nem o Mal, isoladamente;Louvam-se os orixás que incorporam nos iniciados, para fortalecer o axé, que é a energia vital que protege o terreiro e seus integrantes. A iniciação na seita pede um recolhimento de, no mínimo, 21 dias em um ritual que envolve o sacrifício de animais, a aspagem da cabeça do iniciado (abiã), a feitura de curas (são incisões na cabeça ou ori, nos braços etc), a oferenda de alimentos aos deuses e a obediência a preceitos (não beber, não fumar, não fazer sexo por alguns dias etc). 

As músicas são cantadas e tocadas em atabaques, nas roças, sempre na língua africana, e por iniciados do sexo masculino; 

Em que pese talvez frustre quem lê o presente trabalho, vou ser sincero ao revelar que no Candomblé, em regra, não existe atendimento gratuito, nem é objetivo dos iniciados a prática da caridade, a não ser um ebó de misericórdia para o iniciado em extrema precisão, onde todos os adeptos da Seita colaboram. Contudo, seus adeptos não são contra a prática de serviços sociais e roças existem que fazem todo um trabalho comunitário de extrema importância. 

A grande finalidade da Seita é fazer com que o iniciado encontre a felicidade nesta vida (pois nem todos os adeptos do Candomblé são reencarnacionistas), estreitando a sua ligação com o seu orixá, força vital que manterá a sua existência e, quando de sua passagem, para que encontre a paz no Orum (céu, para os africanos). 

No Candomblé o filho de santo, nos dias de festa, recebe a incorporação de seu próprio Orixá. 

O Candomblé para alguns, contudo, transcende o conceito de Seita, sendo uma religião que teve origem na cidade de Ifé, na África e que foi trazido para o Brasil pelos negros Yorubás.


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