A CULINÁRIA DOS ORISA

Existem certas peculiaridades no Candomblé que às vezes as pessoas não compreendem muito bem. 

Uma delas explica-se pelo fato da culinária, dentro da casa de Candomblé, é de grande importância porque as comidas oferecidas aos Orixás são sagradas e imprescindíveis, tornando a cozinha um lugar de grande movimento. 


Por isso vou explicar de uma maneira simples o significado da comida para o "povo de santo", como se diz no Brasil. 


A narrativa é baseada em algumas pesquisas bibliográficas e em experiência vivenciada dentro do candomblé há trinta e dois anos, desde que fui iniciada no culto aos Orixás. 

Conta-se que no começo era tudo água, e depois da criação do mundo, os deuses que habitaram a terra antes mesmo dos homens, e durante algum tempo juntamente com eles, alimentavam-se de acordo com suas preferências. Como tudo no mundo foi dividido entre eles, a alimentação também o foi, surgindo assim as iguarias prediletas de cada Orixá. 

Um dos significados que podemos atribuir à palavra Axé é o da transmissão de força e recriação, evidenciada na lei de que tudo que dispomos na natureza, até mesmo a vida, devemos a ela devolver. Por isso, quando queremos levar nossos pedidos aos Orixás, o fazemos através de uma oferenda em forma de comida. Sabemos que estes pedidos vão ser ouvidos de acordo com a forma como são transmitidos. As oferendas quando devolvidas a terra ou à água transformam-se no húmus fertilizante que auxiliará na geração de novas vidas. Quando os pássaros, por exemplo, carregam esta alimentação para outros lugares, estão realocando as sementes que germinarão em outras paragens. Nesse momento está se concretizando uma das formas mais bonitas de transferência deAxé. 

Lembro aos nossos irmãos que procurem sempre colocar essas oferendas de matéria orgânica em vasilhas biodegradáveis, ou fora delas, diretas no local. Sugiro a utilização de recipientes de vime forrados com folhas, balaios e sacos de pano, pois tudo isso se desfaz na natureza e não a polui, nem causa acidentes. Este zelo com a natureza é que nos caracteriza como cultuadores dos orixás, quenada mais são do que os deuses da mãe natureza. Para continuarmos cultuando os Orixás,precisamos conservá-la. Pois, onde não há água limpa, muitas árvores, terra boa, não há habitat para os Orixás. 

Posso afirmar, em conclusão, que no Candomblé a alimentação é uma das coisas mais importantes para o desenvolvimento das práticas religiosas. Inclusive, é importante destacar que comer desses alimentos também constitui uma forma de receber o Axé. Durante o oferecimento das comidas são realizadas saudações e entoados cânticos em forma de orações, invocando a força dos Orixás epedindo que eles aceitem o que lhes é entregue de bom grado. Essa oferenda, então, passa a estar impregnada de toda força invocada, que também é Axé. Por isso devemos comê-la com concentração e em silêncio, pois estamos partilhando de um momento sagrado com os orixás. 

Haveria muitas outras formas de falar da importância da comida no candomblé. Porém, a intenção desse trabalho é de fornecer algumas receitas dessa culinária maravilhosa, que é o banquete dos Orixás, do qual nós, seres humanos, às vezes temos a honra de compartilhar com eles, pois são deuses próximos de nós, que vêm falar com a gente, que dançam entre as pessoas. Talvez seja esseum dos motivos pelos quais nos apaixonamos por eles. 

Toda oferenda que é dada a cabeça ou aos Orixás tem que ser acompanhado de cânticos, pois essas são as palavras que precisamos para o encantamento do que estivermos oferecendo seja ele animal vegetal ou mineral. 

Deixo aqui minha observação que orixá não precisa de comida, pois ele é a própria natureza, digo isso na tentativa de acabarmos de vez com mistificação do dizer que se não dermos isso ou aquilo para um orixá ele nos deixará doente ou tirar o nosso emprego, fechar nosso caminho ou mesmo em alguns casos vão mais além dizendo que ele nos matará. Eu, particularmente digo que orixá não precisa da gente somos nós que precisamos deles e que as oferendas apenas serviriam para abrir um portal entre ORUN (espaço espiritual onde estão os Orixás) para o Ayê (mundo em que vivemos). Segundo a lenda esse portal estaria sendo guardado por ONIBODE OU EXÚ ÒDARÁ.


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